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QUESTÕES
N1 DIMENSÕES DA NÃO APRENDIZAGEM. COPIEI E COLEI DA APOSTILA PARA QUE CADA UM
ELABORE A SUA RESPOSTA. TAMBEM PEGUEI AS ATIVIDADES DA APOSTILA COM O GABARITO.
1. Quais
são os problemas perceptivos mais comuns em crianças com dificuldades de aprendizagem?
Os problemas perceptivos que mais se destacam na
criança com dificuldade de aprendizagem são os de discriminação visual e os de
discriminação auditiva.A criança com deficiência perceptiva tem dificuldade
para distinguir, diferenciar, analisar estímulos sutilmente semelhantes, mas
com significados muito diferentes, comprometendo a sua compreensão de muitos
dos materiais de aprendizagem. Como exemplo, podemos citar o caso de crianças
que apresentam problemas em identificar as diferenças entre sons e letras,
confundindo-as.
2. Quais
são os fatores relacionados à dimensão sociocultural que dificultam a
aprendizagem?
A dimensão sociocultural da aprendizagem
corresponde às circunstâncias sociais, econômicas e culturais as quais o
indivíduo está submetido e que podem limitar ou reduzir seu potencial de
aprendizagem. Entre esses fatores, encontram-se incluídos a desnutrição,
pobreza e desorganização familiar, fraca interação entre adultos e crianças,
quer no plano lúdico, quer no plano linguístico.
3. Cite
as queixas mais comuns de pais que tem filhos com problemas emocionais?
Os problemas emocionais quase sempre acompanham as
dificuldades de aprendizagem. Às vezes correspondem à origem da dificuldade,
outras vezes, são consequência.
É comum ouvirmos pais e educadores queixarem-se de
que seus filhos e alunos, cujo histórico já apresenta dificuldades de
aprendizagem, são “nervosos”, “desorganizados”, “tímidos”, “instáveis”,
“dependentes”, “agressivos”, entre outras adjetivações.
4. De
acordo com Piaget como se pode afirmar que a criança tem dificuldade de
aprendizagem?
Para Piaget, as funções essenciais da inteligência
consistem em compreender e inventar; ou ainda, construir estruturas mentais de
forma a organizar a realidade. Por isso, acredita-se que o futuro da educação
está em tirar proveito do desejo inato da própria criança de reinventar o mundo
do seu modo. Toda criança tem o direito de percorrer seu processo de
desenvolvimento, por ser a única responsável por construir conhecimentos que se
encontram no âmbito de sua sociedade e cultura. No entanto, muitas vezes, a
escola não considera os processos cognitivos do aluno e suas diferentes etapas
por desconhecer o desenvolvimento infantil. A escola piagetiana entende que a
criança não tem dificuldades de aprender, mas problemas a resolver. Essa mesma
criança possui inúmeras hipóteses a serem formuladas sobre o mundo que o rodeia
de forma que o compreenda gradativamente, de acordo com o estágio de
inteligência que vivencia no momento.
Um ambiente educativo deve ser desafiador para a
inteligência da criança, gerando desequilíbrios cognitivos para que a
aprendizagem ocorra de forma significativa e estabeleça novo equilíbrio.
Ignorar os processos de construção interna do aluno significa focalizar a ação
pedagógica somente no ensino, induzindo aquele que tem dificuldades em atender
às expectativas do seu professor ao fracasso escolar inexoravelmente.
Pode-se perceber que não existe uma inteligência
única e universalmente aceita, mas sim um indivíduo que aprende e se desenvolve
de maneira dinâmica e com infinitas possibilidades.
Deste modo, só se pode afirmar que uma criança
possui dificuldades de aprendizagem quando não atende minimamente ao processo
de aprendizagem realizado pela maioria dos seus colegas da mesma idade. O que
se vê nas escolas, no entanto, é a estigmatização precipitada de alunos que são
“problemas” para seus professores apenas por possuírem um modo diferente de
assimilar o mundo e as coisas que se distancia dos modelos de ensino-aprendizagem
tradicionais.
5.
Como as inteligências múltiplas se relacionam com a aprendizagem e o desempenho
escolar?
Tradicionalmente, as escolas tendem a
valorizar dois tipos de inteligência: a linguística e a lógico-matemática. Na
tradicional configuração de escola, o aluno que aprende melhor utilizando
outras habilidades que não aquelas valorizadas pelo ambiente escolar acabam prejudicado;
fato que, na maioria das vezes, incorre em fracasso escolar e na frustração dos
objetivos da escola e do próprio aluno. Quanto mais possibilidades forem dadas
aos alunos para a manifestação de suas habilidades diferenciadas, maior a
possibilidade de aprendizagem. Assim, a escola deve considerar igualmente todas
as inteligências na elaboração e execução do seu projeto pedagógico. Em resumo,
podemos concluir que inteligência, aprendizagem e desempenho escolar são
aspectos que se inter-relacionam no processo de ensino-aprendizagem.
6. Quais os
comentários mais comuns que se costuma ouvir referente às dificuldades da aprendizagem da criança?
É comum ouvirmos, de pais e educadores, comentários
referentes às dificuldades das crianças para aprender:
É esforçado, mas não consegue aprender.
É muito distraído, perde objetos com frequência e
parece desorientado.
Não consegue se expressar com clareza.
É atrapalhada, tropeça e cai com frequência.
Realiza e compreende bem as tarefas, mas não
consegue aprender a ler.
No conjunto das explicações fornecidas por pais e
educadores para expressar a frustração com a não aprendizagem da criança, é
comum a utilização de termos como “problemas de aprendizagem”, “dificuldade de
aprendizagem”, “distúrbios de aprendizagem” que são mencionados equivocadamente
sem nenhum critério, gerando confusão e preconceitos sobre o assunto.
7. As relações familiares e as
condições socioculturais contribuem para uma estruturação da personalidade do
indivíduo?
Os
fatores psicológicos abrangem, por exemplo, os sucessivos fracassos vivenciados
pela criança ao longo de sua trajetória escolar, que a levaram a desenvolver um
sentimento de impotência com relação à sua capacidade de aprender.
A
maioria das crianças com esse tipo de histórico concebe a escola como um
ambiente ameaçador.
A
relação com o meio familiar e as condições socioculturais também fornecem
elementos fundamentais à estruturação da personalidade do indivíduo que pode se
tornar frágil, agressivo, altruísta, inseguro, proativo dependendo de suas
relações com os pais e a sociedade.
Convém
reafirmar a importância do olhar multidisciplinar sobre a aprendizagem. Ela não
é um fenômeno isolado, previsível. Tampouco depende unicamente do aluno ou da
escola, mas nos impõe a consideração de inúmeras variáveis que se dinamizam e
se encontram em um permanente diálogo. Tendo compreendido esse processo, vamos
prosseguir com algumas considerações sobre o que é inteligência, sua relação
com a aprendizagem e o desempenho escolar.
8. De acordo com a literatura
estudada quais os entraves que as instituições educacionais podem causar a
aprendizagem dos alunos?
Cabe considerar também os sinais de risco, próprios de algumas
instituições educacionais que acabam por causar alguns entraves ao longo da
aprendizagem em vez de facilitá-la.
Entre tais entraves, pode-se citar a rigidez e o
despreparo de algumas escolas para lidar com a diversidade cultural de seus
alunos, evidenciada por atitudes pessimistas ou negativas de educadores, por
problemas de organização curricular etc.
9. A aprendizagem pode ser
abordada de diferentes pontos de vista. Descreva quais são eles.
Longe de possuir uma definição exata, a
aprendizagem é um fenômeno complexo que permite interpretações de diferentes
enfoques teóricos, cada qual evidenciando aspectos que a influenciam ou a
determinam. Desse modo, pode ser abordada do ponto de vista biológico, psicológico,
cognitivo e sociocultural, fato que muitas vezes gera concepções discordantes
entre si.
10. Quais as condições necessárias para a
aprendizagem?
Vejamos agora, rapidamente, as condições
necessárias à aprendizagem, a partir de três dimensões: biológica,
sociocultural e emocional.
A dimensão biológica corresponde aos fatores
neurofisiológicos do indivíduo. Pertence a essa dimensão o ciclo de
desenvolvimento do sistema nervoso central, conhecido por maturação, problemas
relacionados à dinâmica das funções cerebrais, seja por lesões mínimas no
cérebro ou por outros fatores que possam interferir nas funções elementares da
aprendizagem, tais como percepção, atenção, memória e concentração, entre
outras.
A dimensão sociocultural da aprendizagem corresponde
às circunstâncias sociais, econômicas e culturais as quais o indivíduo está
submetido e que podem limitar ou reduzir seu potencial de aprendizagem.
A dimensão psicoativa corresponde aos fatores
psicológicos sobre os quais não é possível falar sem levar em consideração as
disposições biológicas e socioculturais do indivíduo. Essa dimensão refere-se à
maneira de encarar os desafios do meio e à disponibilidade afetiva para
aprender
11. Na escola tradicional tendem a valorizar dois
tipos de inteligência. Quais são e de que forma isso pode prejudicar o aluno?
Tradicionalmente, as escolas tendem a valorizar
dois tipos de inteligência: a linguística e a lógico-matemática.
Na tradicional configuração de escola, o aluno que
aprende melhor utilizando outras habilidades que não aquelas valorizadas pelo
ambiente escolar acabam prejudicado; fato que, na maioria das vezes, incorre em
fracasso escolar e na frustração dos objetivos da escola e do próprio aluno.No
entanto, a compreensão da variedade de influências internas e externas
exercidas sobre essa relação é de fundamental importância para não incorrermos
em dois equívocos: a) o primeiro refere-se à perigosa associação que se faz
entre o nível de inteligência do aluno com os resultados de sua aprendizagem na
escola.
Muitas vezes, esse tipo de avaliação dá margem para
que ocorram equívocos, pois o aluno pode, por exemplo, ter um ótimo
aproveitamento na realização de uma prova, mas obter esse resultado
simplesmente porque memorizou os conteúdos, sem tê-lo aprendido;
b) o segundo
equívoco é o de impor ao educando a categoria de “pouco inteligente” apenas
devido ao seu baixo desempenho escolar. Isso seria, no mínimo, injusto se
considerarmos o fato de que a escola não tem demonstrado, de modo geral,
considerar todas as formas de habilidades e inteligências expressas pelos
alunos em suas avaliações.
12. Cite uma crítica que as perspectivas atuais
relacionadas à inteligência fizeram a visão psicométrica
Nas últimas décadas, novos estudos sobre a
inteligência teceram algumas críticas à visão psicométrica, fato que os tornou
gradativamente bastante influentes. Dentre tais críticas podemos destacar:
A inteligência vista como capacidade geral, tal
como na visão psicométrica, ignora as habilidades específicas potenciais e as
diferenças individuais;
A inteligência vista como fator inato ou intrínseco
ao indivíduo gera obstáculos ao desenvolvimento, uma vez que influencia a
conduta do educador que acaba por não investir em todas as potencialidades do
aluno;
A inteligência, quando verificada, testada por
instrumentos padronizados ignora o papel do contexto sociocultural e as
diferenças subjacentes a eles;
A
inteligência não é definida a priori, portanto não pode ser mensurada, mas
potencializada por meio da educação.
13. A teoria da carência cultural ampliou a visão
do fracasso escolar na década de 70. Explique-a.
Somente na década de 1970, o fracasso escolar
passou a ser concebido a partir de perspectivas mais amplas. A teoria da
carência cultural foi uma das contribuições para aquele momento histórico, ao
afirmar que o êxito na escola estaria diretamente relacionado ao sistema
socioeconômico e cultural em que se insere o educando. Essa teoria influenciou
profundamente a educação brasileira, instigando a criação de programas
compensatórios no sentido de recuperar o atraso e diminuir o estado de carência
dos alunos. Essas ações foram defendidas como formas de garantir a igualdade de
condições de aprendizagem aos alunos “carentes culturalmente”, ou seja, àqueles
que, devido à sua condição socioeconômica desfavorecida, não possuíam os
subsídios considerados necessários a uma educação integral.
A teoria da carência cultural logo sofreu críticas
acirradas por influenciar a concepção acerca do fenômeno do fracasso a partir
de uma abordagem preconceituosa. Segundo os críticos, essa abordagem favorecia
a desigualdade social e o assistencialismo, já que consideravam que as classes
menos favorecidas, devido a sua condição socioeconômica, eram inferiores
culturalmente.
A teoria da carência cultural contribuiu para certo
imobilismo nos meios educacionais que, de maneira fatalista, não se viam em
condições de resolver o problema do fracasso escolar de maneira efetiva.
14. Quais aspectos a serem considerados pelo
professor para identificar se uma criança apresenta um distúrbio de comportamento ou se, simplesmente, requer uma
atenção especial em seu
desenvolvimento?
Para podermos identificar se uma criança apresenta
esse tipo de distúrbio e requer uma atenção especial, seja familiar ou
educacional, é necessário:
-Conhecer o desenvolvimento normal da criança, as
características peculiares a cada etapa do seu desenvolvimento bem como a
inter-relação de diversos fatores (idade, sexo, fatores genéticos, contexto
familiar e social, condições educacionais etc.);
-Reconhecer que alguns problemas de comportamento
podem possuir um caráter transitório e que, portanto, não caracterizam uma
patologia da personalidade;
-Avaliar até que ponto as alterações de conduta, e
os desajustamentos à situação escolar interferem ou dificultam a aprendizagem e
a relação da criança com os amigos, professores e familiares.
15. O que são esquemas, segundo Piaget?
Essa organização mental da experiência ocorre a
partir da interação de quatro componentes que são de acordo com Piaget: os
esquemas, a assimilação, a acomodação e a Equilibração.
Os esquemas correspondem a estruturas mentais ou
cognitivas pelas quais os indivíduos se adaptam às experiências proporcionadas
pelo meio. Podem ser pensados como conceitos ou categorias, tais como fichas de
um arquivo: neste caso, o arquivo é a nossa estrutura mental e as fichas são os
esquemas, que correspondem aos conhecimentos e registros da memória,
permitindo-nos reconhecer e interpretar os estímulos do ambiente.
À medida que a criança se desenvolve, os esquemas
vão se tornando cada vez mais diferenciados e complexos. Ou seja, há uma
contínua modificação e ampliação dos esquemas ao longo de nosso desenvolvimento.
[...] os esquemas são construídos sobre as
experiências repetidas. Os esquemas refletem o nível atual, da criança, de
compreensão e conhecimento do mundo. Os esquemas são, por ela, construídos.
Como construções, os esquemas não são cópias exatas da realidade.
Suas formas são determinadas pela assimilação e
acomodação da experiência e, com o passar do tempo, elas se tornam cada vez
mais próximas da realidade. Enquanto a criança é um bebê, os esquemas são um
todo — e, quando comparados aos esquemas do adulto, são extremamente imprecisos
e incorretos. (WADSWORTH, 2003, p. 22)
Assim, o modo como uma criança interpreta uma dada
situação diz mais respeito às características de uma etapa e seu
desenvolvimento cognitivo do que propriamente à inteligência. Nessa
perspectiva, o desempenho escolar depende mais da forma como a escola articula
o modo de aprender do aluno com a maneira de ensinar, do que propriamente com o
quociente de inteligência do educando.
16. As causas do fracasso escolar durante muito
tempo foram buscadas nas famílias e no aluno. Quais influências e fatores determinam esse tipo de
pensamento?
Durante muito tempo as causas do fracasso escolar
foram buscadas na família e no aluno. Por influência da concepção médica e da
psicologia, fatores como predisposição genética, aptidões hereditárias,
dificuldades orgânicas e psicológicas foram argumentos bastante discutidos e
validados para explicar a falta de êxito no aprendizado escolar.
17. O que devemos considerar para compreender o
processo de aprendizagem?
Assim, para
compreendermos o processo de aprendizagem, devemos considerar que ele resulta
da relação entre as condições externas ao indivíduo – seu contexto familiar,
social, cultural e educativo – e de suas condições internas – suas
características individuais, orgânicas e psicológicas.
ATIVIDADES DA APOSTILA
1.
Observe o caso abaixo:
Bruno é um aluno ativo de doze anos,
têm vários amigos, uma capacidade de liderança invejável, é um excelente
pianista, além de ser muito criativo nas tarefas artísticas. No entanto,
apresenta sérias dificuldades com leitura e escrita, não consegue ler uma
sentença simples e possui dificuldades com as operações matemáticas fato que
deixa seu rendimento escolar abaixo da expectativa para alunos da sua idade e
série.
Como a teoria das inteligências
múltiplas explicaria o caso de Bruno?
Bruno
apresenta dificuldades na área linguística e lógico-matemática, mas isso não
significa que seja menos inteligente uma vez que apresenta habilidades e
talentos em outras áreas.
2.
Reúna-se com seus amigos e discuta qual a relação entre inteligência,
aprendizagem e desempenho escolar. Em seguida, responda: por que um bom
desempenho escolar não pode ser considerado sinônimo de inteligência?
A
aprendizagem é um dos fatores do desempenho escolar, mas o bom desempenho
escolar não significa que a aprendizagem tenha ocorrido de fato. Podemos citar
como exemplo o aluno que teve um bom desempenho porque tirou boas notas, mas
isso só foi possível apenas porque memorizou algumas informações e não aprendeu
de fato o conteúdo escolar. Em outro caso, uma criança pode ter aprendido
coisas importantes para sua vida, mas que não são valorizadas pela escola. Essa
criança pode ser extremamente inteligente e proativa ainda que possua um
desempenho escolar abaixo do esperado por seus professores.
3.
Leia atentamente a história de Gilvan:
Gilvan é um garoto de dez anos que
está matriculado na 3.ª série do ensino fundamental.
É o quinto filho de uma família de
nove irmãos e, segundo sua mãe, nasceu prematuro de um parto com complicações.
O cordão umbilical teria enrolado no pescoço do bebê, impedindo sua respiração.
Como nasceu desnutrido, era muito miúdo e teve que ficar na UTI do hospital
para ganhar peso antes de ir para casa.
Gilvan cresceu no sertão nordestino,
morando com a avó, irmãos e primos. A mãe havia falecido e seu pai fora para
São Paulo em busca de emprego, sendo que jamais voltou para o Nordeste. O
menino morou lá com parte de sua família até os oito anos, quando se mudou para
São Paulo juntamente com uma tia e dois irmãos mais novos.
Atualmente, Gilvan mora em uma casa
construída em terreno da prefeitura, próximo à escola, juntamente com os
irmãos, a avó e uma tia.
Na casa de Gilvan, apenas o irmão mais
velho tem emprego fixo. Sua avó e sua tia são diaristas e Gilvan, juntamente
com dois irmãos, ajuda na renda familiar vendendo balas no semáforo.
Quando tinha três anos, Gilvan teve
uma forte infecção no ouvido, o que afetou parcialmente a sua audição.
A professora do menino o considera
preguiçoso e desinteressado, pois não presta a devida atenção nas explicações e
falta muito às aulas.
Seu desempenho escolar é considerado
ruim, pois já está na escola há três anos e ainda apresenta muita dificuldade
com a leitura e escrita. Possui um vocabulário pobre e, apesar de não
atrapalhar as aulas, às vezes recusa-se a realizar atividades de leitura e
escrita devido a sua dificuldade em realizá-las. Consegue copiar textos da
lousa, mas não consegue ler e interpretar adequadamente nem escrever ditados.
Considerando o que você estudou neste
módulo, analise e discuta com seu grupo de colegas de que modo às dimensões
biológica, sociocultural e emocional se expressam no caso do menino Gilvan.
Ao final da discussão comente a
seguinte afirmação:
“A aprendizagem e suas dificuldades
são processos multideterminados”
A
aprendizagem é um fenômeno complexo, influenciado por fatores internos e
externos ao aprendiz.
No
que se refere aos fatores internos ela depende da integridade biológica, da
etapa do desenvolvimento neurológico e cognitivo em que se encontra, além das
características individuais que levam cada um a absorver as experiências de
modo particular.
No
que se refere aos fatores externos à aprendizagem depende do contexto social,
cultural, familiar e educativo com os quais o aprendiz interage. Assim, as
condições podem ser favoráveis ou não à aprendizagem. Os fatores internos e
externos interagem continuamente na construção da aprendizagem.
a) Entendendo que diversificar o
ensino não é a mesma coisa que individualizá-lo, discuta e responda:
De que modo à prática pedagógica pode
se realizar, respeitando e potencializando as diferentes características e
necessidades dos alunos?
a) A
prática pedagógica deve ser diferenciada, com a utilização de recursos e
metodologias diversificados de modo a valorizar a participação e cooperação dos
alunos respeitando suas diferentes necessidades.
b) De acordo com a perspectiva de
Vygotsky, de que modo a ação educativa pode visar à superação do fracasso
escolar?
b) A
ação educativa deve valorizar no aluno aquilo que ele está prestes a
desenvolver, portanto, deve ser prospectiva. Além disso, deve promover a
interação social e valorizar o conhecimento que esse aluno já conquistou por
meio de suas experiências anteriores, dentro de seu contexto sociocultural.
2.
Leia atentamente o texto a seguir e, depois, desenvolva as atividades
sugeridas.
A história de Ricardo
Ricardo é um garoto de nove anos que,
embora leve uma vida simples, nunca lhe faltou sustento. Mora numa favela
próxima à escola em que estuda. O seu sustento vem do trabalho de seu pai como
pedreiro e de sua mãe como empregada doméstica. Na escola, Ricardo não consegue
obter êxitos, especialmente por conta de sua dificuldade com a escrita e por
isso já foi reprovado.
Assim como outros alunos que
apresentam dificuldades, Ricardo recebe tratamento diferenciado na sala de
aula: é praticamente ignorado enquanto outras crianças usufruem da atenção da
professora que sempre os questiona se estão com dúvida ou dificuldade.
Ricardo fica disperso na aula. Segundo
sua professora, ele não conseguirá acompanhar o ensino, pois já está bastante
atrasado em relação aos demais.
A coordenadora pedagógica da escola
acredita que o fracasso de Ricardo é consequência da falta de cultura dos pais
que são praticamente analfabetos. Eles reconhecem que seu filho está
desinteressando quanto à escola, mas não sabem explicar por que isso ocorre. A
mãe suspeita que o menino seja preguiçoso e que a escola deveria lhe exigir
mais.
Para Ricardo, o cotidiano da escola é
uma desagradável rotina. Não vê motivação nas tarefas e se sente incapaz de
aprender, já que frustra constantemente as expectativas dos pais e da escola.
Ricardo representa um exemplo bastante
comum de fracasso escolar. Muito embora não apresente antecedentes traumáticos
ou problemas cognitivos, não consegue satisfazer as exigências do ensino.
Tendo em vista o que você estudou
sobre a questão do fracasso escolar, discuta o caso de Ricardo procurando
responder a questão:
Que relação pode-se estabelecer entre
a profecia auto-realizadora, e a problemática vivenciada por Ricardo?
Ao
longo de sua vida escolar, o jovem Ricardo demonstrou alguns indícios de que
possui algumas dificuldades que, no entanto, não foram devidamente levadas em
consideração pelos seus pais ou pelos seus professores. Do contrário, as
dificuldades de aprendizagem de Ricardo foram interpretadas como sinal da falta
de interesse do jovem pela escola. Nesse caso, cumpre-se o que estamos chamando
de profecia auto-realizadora, aquela que faz com que o aluno acredite no seu
próprio fracasso.
1.
Leia atentamente os dois casos descritos a seguir e, em seguida,
responda às perguntas propostas.
O
caso de Marcinha
Marcinha tem hoje sete anos. Distraída
e avoada, frequentemente passeia com seus olhos pela janela da sala de aula
enquanto a professora expõe o conteúdo. Sonha com seres imaginários e com mil
fantasias. Gosta de desenhar, é muito meiga e carinhosa. Com as irmãs mais
velhas, porém, está sempre em desvantagem, não pela idade inferior, mas pelo
seu temperamento bonachão, passivo e desarmado. As outras sempre lhe pregam
peças, pois a menina se distrai com facilidade. Suas irmãs fazem piadas,
joguetes e provocações para testar a atenção e a presença de espírito da
menina.
Crianças como Marcinha, desde a tenra
infância acumulam rótulos de incompetência pessoal com relação aos outros. A ideia
que possuem de si mesmas é a representação da inadequação, inferioridade e
incompetência. A autoestima é destruída ou sequer chega a se formar. A criança
cresce tímida, inibida, inferiorizada e com dificuldades de ajustamento que vai
durar por toda sua vida.
Marcinha está encontrando o caminho da
integração social neste mundo exigente e hostil graças a um medicamento e uma
orientação segura e atualizada, por um psiquiatra infantil. Marcinha tem um bom
prognóstico. O palpite é que conseguirá integrar-se socialmente e aprenderá a conviver
com o seu desequilíbrio químico natural.
O
caso de Vitor
Vítor é uma criança de sete anos que
frequenta o 2.° ano do l.° ciclo numa escola municipal de uma grande capital
brasileira. É o primeiro ano que frequenta essa escola. O professor define-o
como uma criança muito irrequieta, nervosa e incapaz de prestar atenção.
Movimenta-se constantemente pela sala, não termina os trabalhos e incomoda os
companheiros. A classe é composta por 30 alunos e a escola não conta com um
professor de apoio para auxiliar nas salas de aula.
A realização das atividades escolares
é sempre muito conturbada, pois Vítor apresenta dificuldade para manter a
atenção, fala incessantemente com os colegas sem manter o fio condutor do
discurso.
A professora solicita apoio da
coordenação, pois observa um elevado nível de ansiedade e alguma rejeição dos
colegas para com Vitor, dado que interrompe continuamente as explicações e
altera a dinâmica da classe com o seu comportamento perturbador (levantar-se,
falar, alvoroçar etc.).
A professora conversou com a mãe do
menino sobre as dificuldades escolares detectadas e pediu que procurasse ajuda
de um psicólogo. A mãe, de 29 anos, disse estar separada do marido havia um ano
e que, devido ao fato de trabalhar numa loja, deixava seu filho Vitor a maior
parte do tempo com os avós maternos. A mãe confessou não poder controlá-lo,
pois era desobediente e destruía os brinquedos, com grande dificuldade de se
manter quieto por alguns instantes, salvo quando via na televisão desenhos
animados. Vitor é filho único e não costuma brincar fora de casa porque moram
numa zona de muito trânsito e ele não tem o sentido do perigo.
a) O que diferencia o caso de Marcinha
do caso de Vitor?
Tanto
Marcinha como Vitor apresenta o TDAH. Contudo, os sintomas de Marcinha são
predominantemente de desatenção, enquanto que, no caso de Vítor, notam-se
também sintomas de hiperatividade e impulsividade.
b) Qual deve ser a postura do
professor ao se deparar com os problemas relatados em ambos os casos?
O
professor não deve encarar o TDAH como um obstáculo ao trabalho a ser
desenvolvido em classe e deve ter uma postura de empatia em relação à
problemática do TDAH. É importante que se crie um ambiente favorável à
aprendizagem do aluno, buscando parceria junto à família do educando de modo a
superar as dificuldades.
c) De que modo o professor poderá
contribuir, na sua prática pedagógica, para minimizar as dificuldades de
Marcinha e de Vitor?
c) O
professor deve promover um ambiente de ensino estruturado, evitando imprevistos
e excessos de estímulos. Sua comunicação junto a estes alunos deve ser clara,
explicitando as regras e auxiliando-os a se organizar melhor. O ensino deve
fundamentar-se em atividades variadas e motivadoras, intercalando-se aquelas
atividades que exigem maior concentração e atenção com aquelas de caráter mais
espontâneo e lúdico.
1.
O texto abaixo foi escrito por uma criança disléxica. Apresente três
indícios de dislexia discutida nesta aula que estão evidenciados na escrita
dessa criança
(Ditado:
Era um lindo dia de sol, Sabrina estava resfriada e ficou muito triste, pois
não podia brincar na piscina e nem tomar sorvete) – Felipe, 10 anos.
Omissão
de letras (exemplo: lindo por lido, sorvete por solte); trocas fonéticas do “t”
por “d”
(exemplo:
muito por udo); não representa as letras “b” e “m” no texto (exemplo:
Sabrina/Sarina, brincar/rica, muito/outo, tomar/toto).
2.
Discuta com seu grupo de que forma o professor pode contribuir para
auxiliar o aluno com dislexia. Apresente cinco sugestões
O
professor deve utilizar estratégias variadas para a consolidação dos signos da
escrita por meio de recursos multissensoriais e concretos, como letras móveis,
associação entre palavras e seus significados com imagens, sons e experiências
que sejam significativas para o aluno. O professor também pode auxiliar o aluno
reduzindo a quantidade de leituras e elaboração de textos, ou substituindo tais
atividades por outras que envolvam diferentes habilidades. Deve também promover
a cooperação por meio de atividades em grupo de modo que o aluno possa
participar e interagir durante a aula; permitir que este aluno utilize recursos
auxiliares como, calculadora, gravador e tabuadas; fornecer um tempo maior
quando for realizar atividades que envolvam a leitura e a escrita.
1.
Discuta com seu grupo e apresente sugestões de atividades lúdicas que o
professor pode realizar junto às crianças para auxiliar no seu desenvolvimento
psicomotor. Se possível, cite as habilidades psicomotoras que serão trabalhadas
em cada atividade.
A
expressão psicomotora pode ser trabalhada por meio de brincadeiras e jogos que
envolvam o movimento do corpo, o raciocínio e a expressão afetiva. Por exemplo,
o jogo das cadeiras é uma brincadeira em que as crianças desenvolvem noções
espaciais e temporais, a capacidade de atenção e o equilíbrio. Quando a música para,
cada criança deve sentar em uma cadeira. A criança que ficar sem cadeira sai do
jogo. A cada rodada deve ser retirada uma cadeira da fila até que, ao final
sobrem apenas duas crianças e uma cadeira.
2.
De acordo com os estudos deste módulo, por que não podemos confundir
lateralidade com noção de direita-esquerda?
A lateralidade é o reconhecimento de que as
partes do corpo não respondem de maneira igual.
Por
exemplo, ao erguer o braço direito para lançar uma bola, a criança preferiu
esse braço enão o outro porque tem consciência de que com ele seu desempenho
será melhor. Assim, para compreender os conceitos de direita esquerda é
importante que a criança tenha desenvolvido a sua consciência lateral.
3.
Para o professor, qual a importância do estudo do desenvolvimento
psicomotor e do papel da psicomotricidade na aprendizagem?
Quando
o professor reconhece que a mente, o corpo e a afetividade são processos interdependentes,
incorpora às suas estratégias pedagógicas ações que promovem a expressão da criança.
Seus alunos aprendem melhor usando o corpo, participando concretamente das
atividades.
Quando
o professor ignora esse aspecto, pode gerar dificuldades de aprendizagem.
1. Quais os aspectos a serem
considerados pelo professor para identificar se uma criança apresenta um
distúrbio de comportamento ou se, simplesmente, requer uma atenção especial em
seu desenvolvimento?
O
professor deve levar em consideração que os problemas de comportamento resultam
de fatores internos e externos ao aluno. Assim, é importante que o
comportamento considerado problemático seja objeto de uma análise crítica que
busque entender qual a influência da escola sobre essa conduta, se a relação
professor aluno não está sendo geradora do conflito e se a expectativa da
escola com relação ao aluno influencia o modo que como ela o vê.
É
fundamental também que os professores conheçam o processo de desenvolvimento emocional
de seus alunos para que possam melhor avaliar as formas de comportamento
próprias de cada estágio do desenvolvimento humano. O modo como às crianças
reagem ao meio depende do amadurecimento de suas estruturas afetivas e
cognitivas. O conhecimento do contexto social e familiar da criança é também um
fator importante para que a escola se adapte melhor às suas necessidades,
valorizando e respeitando suas crenças, valores e interesses.
2.
Quais cuidados devemos ter, antes de interpretar um comportamento como
sendo anormal?
Além
de compreender e reconhecer as características próprias do desenvolvimento da
criança é importante considerarmos que os conceitos de normalidade e
anormalidade são relativos, uma vez que não há padrões bem definidos de
conduta. Assim, comparar os alunos não é o suficiente para identificarmos um
comportamento como sendo fora da normalidade. É preciso, antes de tudo, reunir
um conjunto de elementos que auxiliem a compreensão do comportamento desse
aluno a partir de seu contexto escolar, familiar e emocional.
3.
Após a leitura do texto “O caso de Mariana”, responda (individualmente
ou em grupo) às questões.
O
caso de Mariana
Mariana é uma menina tímida de nove
anos que está matriculada no 3.º ano do ciclo fundamental I. Senta-se na última
carteira, no canto da sala de aula e nunca conversa com ninguém. Apresenta
dificuldade de acompanhar o conteúdo ensinado, pois se distrai facilmente e
parece ter medo da professora, mesmo sem nunca ter sido repreendida. Após
terminar a lição costuma distrair-se roendo com a boca um pequeno pedaço de
borracha. No dia da última prova, Mariana urinou na roupa. Sua professora perguntou
por que ela não pediu para ir ao banheiro, mas ela baixou timidamente a cabeça
e não quis responder.
Após esse incidente, algumas crianças
da sala chamaram-na de “mijona”. Mariana não compareceu mais à escola. Foi
vista por um pai de aluno escondida numa praça próxima à escola, durante o
horário de aula.
Sua tia foi chamada para conversar com
a professora e alegou que não sabia das faltas de Mariana, pois ela arrumava-se
e ia à escola todos os dias, retornando normalmente para casa no horário.
a) De acordo com os estudos deste
módulo, que possíveis distúrbios de comportamento são apresentados por Mariana?
a)
Mariana apresenta uma manifestação de insegurança e ansiedade. A escola não
soube lidar com suas dificuldades o que resultou em fuga.
b) De que modo à professora poderia
proceder para auxiliar Mariana?
b) A
professora deveria desenvolver uma atitude favorável de empatia em relação às
dificuldades de sua aluna. Deveria também ter valorizado seus pequenos
progressos, criado situações em que outras crianças pudessem interagir e
colaborar com Mariana. A aproximação afetiva da professora é um aspecto fundamental
para gerar laço de confiança entre ela e seus alunos.
4.
A partir do texto de Madalena Freire, reproduzido neste capítulo,
reflita sobre a relação professor-aluno e suas implicações no processo de
aprendizagem, destacando os aspectos que você e seu grupo consideram relevantes
para a experiência de Eliane de superar suas dificuldadesemocionais com o
auxílio de sua professora.
O
caso de Eliane retrata uma situação que teria um desfecho diferente caso a
professora não demonstrasse o mesmo interesse que demonstrou em incluí-la.
Eliane
tinha problemas emocionais, mas não conseguia expressá-los de outra forma se
não resistindo à própria aula. Expressou junto à professora os mesmos conflitos
que experienciava com o abandono e rejeição da mãe. A capacidade de se colocar
no lugar do outro, manter uma postura reflexiva e o real interesse pelo
aprendizado do aluno são características fundamentais a qualquer professor que
reconheça o papel dos aspectos emocionais e sua influência na escola.
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