quarta-feira, agosto 25, 2010

Psicologia do Desenvolvimento

TEXTO COMPLEMENTAR - CAPÍTULO Nº 19 - APOSTILA


(Re)contextualização da formação de professores: desafios e perspectivas
                                                                                                                                                (TAVARES, 2008)

Uma nova racionalidade começa, na verdade, a falar-se, cada vez com mais insistência, de uma nova racionalidade. Esta realidade faz, certamente, apelo à razão, ao coração, à inteligência, à memória, à imaginação, ao sentimento, à emoção e a tudo isto, ao mesmo tempo, ainda que dentro de um contexto diferente e sob um olhar distinto. É para este novo olhar, que pressupõe uma modalidade diferente de pensar, de sentir, de agir e de estar, que gostaríamos de chamar a atenção dos colegas e solicitar a vossa opinião, para que assim, através de uma relexão conjunta e um discernimento avisado, nos seja mais fácil obter uma melhor compreensão sobre esta problemática.
Efectivamente, o volume dos estudos, da investigação, da discussão e da relexão em torno desta problemática é já muito considerável, sobretudo, nos  últimos tempos. Não iremos dar conta, nesta abordagem, de todo esse esforço e dos significativos avanços científicos e tecnológicos alcançados, mas nem por isso poderemos deixar de fazer referência, ainda que muito sintética, a alguns enfoques mais recentes sobre diversas concepções da inteligência que, de certa forma, estão a configurar esta nova racionalidade e que têm atraído a nossa atenção, de um modo especial, de há algum tempo a esta parte.
Estamos a referir-nos, concretamente, às conclusões de estudos e investigações a que têm chegado autores como Howard Gardner, Roberto Sternberg, Roberto Lira Miranda, Leandro de Almeida, se me é permitido destacar apenas estes quatro, dois de língua inglesa e dois de língua portuguesa, entre muitos outros, dada a relevância e o acolhimento que os seus trabalhos têm encontrado por parte da comunidade científica psicológica, educacional e de gestão de empresas, no caso de Lira Miranda.
Como nota comum, poderíamos talvez dizer que todos eles partilham de concepções de inteligência em que se põem em relevo diferentes tipos de inteligência descritos de um modo mais ou menos luído, metafórico e
de difícil medição, quer em relação aos seus aspectos mais gerais quer aos seus aspectos mais especíicos, digamos, contextuais, experienciais, componenciais e matacomponenciais.
Sabemos que, durante muito tempo, a inteligência foi vista através de certas características especíicas: verbal, numérica, espacial, temporal, musical, mecânica etc., medidas através de baterias de testes diretamente elaborados para o efeito, que se constelavam em torno de um quociente geral de inteligência, o bem conhecido QI, que lhe garantia uma certa transversalidade em relação ao universo dos sujeitos da espécie humana. Nos últimos 25 anos, os estudos sobre a inteligência desenvolveram-se exponencialmente, na tentativa de compreender melhor esta capacidade determinante e transversal portamento humano,
encontrando-se em torno da sua noção e  medida, com base nas competências e performances que lhe são inerentes, dentro dos contextos em que essa inteligência, na sua multiplicidade ou triadicidade componencial, atua, na perspectiva de Gardner e Sternberg que, de certa forma, condensam também as outras abordagens a que nos estamos a  referir mais diretamente, incluídas as de matriz mais social ou experimental, como a de Bandura e Almeida, respectivamente.
Nestes estudos e investigações, destacam-se, efectivamente, autores como Bandura, que se preocupou mais com os aspectos envolvidos na aprendizagem social; Sternberg e a sua teoria da inteligência triádica com os seus componentes e metacomponentes, em que o conceito de inteligência é equacionado a partir da combinação de três níveis de auto-organização mental, a saber: as funções de governo do espírito (legislativa, executiva e judicial), as preferências de estilo relacional (internas e externas) e as formas de autodomínio mental (monárquicas, hierárquicas, oligárquicas e anárquicas); Gardner, com a teoria bem conhecida das múltiplas inteligências, as sete já estabelecidas, a saber: linguística, lógico-matemática, espácio-visual, corpóreo-cinestésica, musical, interpessoal e intrapessoal e as duas mais recentes ainda em construção: a existencial e a naturalista (que possibilita apreensão espontânea da naturalidade das coisas e suas relações).

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