segunda-feira, agosto 08, 2016

Multiculturalismo: a diversidade no currículo




Estima-se que a origem do termo multiculturalismo surgiu em meados da década de 70.

Multiculturalismo pode ser conceituado como um conjunto de respostas à pluralidade cultural e ao desafio a injustiças e desigualdades a ela relacionadas. Também pose ser entendido como um movimento teórico e político que busca repostas para os desafios da pluralidade cultural nos campos do saber.

No mundo contemporâneo, é bastante visível o destaque dado à diversidade das formas culturais. Porém, essa diversidade convivendo com “fenômenos igualmente surpreendentes de homogeneização cultural”(SILVA, 1999: 85), torna-se um fato paradoxal.

Dentro deste contexto, devemos analisar as ligações entre currículo e multiculturalismo.

O multiculturalismo assim como a cultura contemporânea é ambíguo, pois de um lado o multiculturalismo é um movimento reivindicatório dos grupos culturais dominados para terem o reconhecimento de suas formas culturais dentro da cultura nacional. Por outro lado, o multiculturalismo também pode ser visto como uma “solução para os ‘problemas’ que a presença de grupos raciais e éticos coloca, no interior daqueles países, para a cultura nacional dominante”(1999:85).

De qualquer forma, o multiculturalismo não pode ser analisado longe das relações de poder, pois estas fizeram com que as diferentes culturas raciais, éticas e nacionais vivessem no mesmo espaço.

Por meio desta ambigüidade o multiculturalismo se torna uma importante “arma” de luta política. O multiculturalismo traz para a política um entendimento da diversidade antes restrito à Antropologia.

A Antropologia contribuiu com a idéia de que entre as culturas não deve haver uma hierarquia. “Não é possível estabelecer nenhum critério transcendente pelo qual uma determinada cultura possa ser julgada superior a outra”(1999: 86)

A compreensão de cultura a partir da Antropologia fundamenta o multiculturalismo. A diferença entre as culturas seria somente uma “manifestação
superficial de características humanas mais profundas”(1999:86). Os grupos culturais seriam igualados a partir da humanidade comum entre eles.

A partir desta perspectiva o multiculturalismo pode ser chamado de “liberal” ou “humanista”. É nesta humanidade que o multiculturalismo busca “o respeito, a tolerância e a convivência pacífica entre as culturas”(1999:86).

“Quais as implicações curriculares dessas diferentes visões de multiculturalismo?”(1999:88)
Dentro da perspectiva liberal ou humanista o currículo é baseado a partir das “idéias de tolerância, respeito e convivência pacífica entre as culturas”(1999:88).

Assim, as escolas devem buscar práticas curriculares onde o multiculturalismo esteja inserido, fazendo uso de dinâmicas que sensibilizem as identidades, pois a compreensão da identidade como algo que é construído, provisório e inacabo, propicia uma maior sensibilização quanto ao caráter multicultural das sociedades.

Porém, em alguns lugares, como nos Estados Unidos, por exemplo, o multiculturalismo tem sido atacado por grupos conservadores e tradicionais. Para esses grupos o multiculturalismo “representa um ataque aos valores da nacionalidade, da família, da família, da herança cultural comum”(1999:89).

A partir do momento que o multiculturalismo enfatiza a manifestação de múltiplas identidades e tradições culturais, acabaria por fragmentar uma cultura única e comum, com implicações políticas regressivas.

Outra crítica que o multiculturalismo vem sofrendo seria pelo seu “suposto relativismo”. Segundo esta crítica alguns valores e instituições existentes são universais e que vão além das características culturais e específicas de cada grupo.

Para a perspectiva multiculturalista crítica, “não existe nenhuma posição transcendental, privilegiada, a partir da qual se possam definir certos valores ou instituições como universais.”(1999:90).

Porém, não existirá, segundo Robert Connell uma “justiça curricular”, se o currículo não for modificado “para refletir as formas pelas quais a diferença é produzida por relações sociais de assimetria”(1999:90)

Finalmente, como educadores devemos conhecer os universos culturais dos alunos, fazendo com que o ensino seja ajustado a realidade social e cultural de cada um. Não devemos ignorar as identidades, devemos sim saber lidar com o plural, o diverso, o múltiplo; respeitando a diferença e a pluralidade cultural das pessoas que nos cercam.




Referência Bibliográfica
SILVA, T. Tadeu da. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.

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