sábado, março 03, 2018

Educação Mediada por Tecnologias

Atividade:

Escreva um texto de até cinco páginas, fazendo uma reflexão em relação ao uso de tecnologias na educação, discutindo o papel do professor como atuante no processo de aprendizagem dos estudantes. Use como apoio os vídeos e os textos estudados até o momento.

O uso das tecnologias digitais na educação significa (...) ir além de tê-la como simples suporte ao professor para a disponibilização de informações e conteúdos. Significa também superar as concepções instrumentalistas e deterministas de seu uso, ou seja, superar a crença de que a tecnologia é neutra e serve como simples instrumento facilitador do trabalho pedagógico, assim como de que ela possui capacidade e autonomia para estabelecer, por si mesma, as mudanças e as transformações de paradigmas. Sabemos que a revolução na educação não acontece pela introdução das TIC no contexto educativo, e sim, pelo seu uso crítico e consciente.
NOVAS COMPETÊNCIAS DOCENTES FRENTE ÀS TECNOLOGIAS DIGITAIS INTERATIVAS – p. 86 

Para a avaliação desta atividade serão levados em conta:
  • Uso dos textos disponibilizados na disciplina ou de outros autores – 3 pontos de 10
  • Coesão – 4 pontos de 10
  • Construção da argumentação – 3 pontos de 10

NOVAS TECNOLOGIAS E O TRABALHO DOCENTE

A tecnologia já não é mais algo tirado dos roteiros de filmes de ficção científica, distantes da realidade e do cotidiano das pessoas, diante da revolução tecnológica que temos vivenciado, ela faz parte muito naturalmente das nossas vidas. Várias demandas do mundo atual requerem o uso das tecnologias, seja em uma compra utilizando um cartão de crédito ou débito, no transporte público, no trabalho ou no lazer, o uso da tecnologia é tão natural como qualquer outra atividade corriqueira do dia a dia.
As tecnologias digitais estão presentes e sendo adotadas de forma bastante abrangente em todo o mundo, alterando a sociedade, seus padrões de comportamento, sua cultura e sua forma de lidar com o conhecimento. O conhecimento já não é mais algo inalcançável e distante das pessoas, mas está logo ali, a um click de distância. Não é mais necessário esperar a publicação do jornal do dia seguinte ou esperar a edição do telejornal da noite para saber o que aconteceu, pois as notícias e as novidades são amplamente divulgadas e acompanhadas em tempo real. Logo a relação que a humanidade tem com o conhecimento e com a informação mudou, assim sendo, a escola e os meios de construção do conhecimento devem mudar também.
No campo da educação não poderia ser diferente, a tecnologia colabora para uma nova maneira de ver o mundo, de pensar e realizar, de organizar o trabalho, logo, ela também está presente no campo da educação, seja como ferramenta pedagógica, seja como objeto de estudo.
O modelo de escola pública no Brasil não acompanhou as mudanças na sociedade, no mundo e também na tecnologia. Hoje temos uma escola tal qual foi pensada e concebida ainda no século XIX, fortemente inspirada na Revolução Industrial, uma escola “tipo fábrica”, com sinal, fileiras de carteiras do tipo linha de produção, um sistema voltado para uma educação utilitária formando mão de obra para a indústria. O mundo mudou, a sociedade mudou, nosso aluno mudou e essa mudança foi muito mais acentuada nos últimos anos com o advento da revolução tecnológica, o que causou uma nova maneira de ver e o mundo e de acessar à informação e ao conhecimento. Utilizar as tecnologias dentro da sala de aula torna-se ponto de extrema importância no sentido de eliminar o anacronismo que existe entre a escola e o aluno e conectar, utilizando o termo da tecnologia, esses dois mundos, o aluno do século XXI e a escola do século XIX.
Para uma criança que nasceu na era da tecnologia e da informação, que tem acesso aos mais diversos tipos e suportes de tecnologia e é estimulada por isso constantemente, entrar em uma sala de aula que oferece somente um quadro negro, livros e a fala do professor, por mais que este seja competente e tenha boa vontade, é sair de sua realidade, é ser transportada para um mundo que não lhe diz respeito e com o qual ela não se identifica, criando assim um abismo entre escola e aluno cada vez maior e difícil de ser transposto.
Desta forma, trabalhar a tecnologia na educação e no processo de construção do conhecimento não deve ser pensado somente em utilizar essa tecnologia como ferramenta, mas de alguma forma incorporar seu uso nas práticas pedagógicas que seja algo natural e espontâneo sua utilização para que sejam rompidas barreiras que impeçam a conexão entre o aluno do século XXI e a escola do século XIX. De acordo com Garcia (2011):
“O uso das tecnologias digitais na educação significa (...) ir além de tê-la como simples suporte ao professor para a disponibilização de informações e conteúdos. Significa também superar as concepções instrumentalistas e deterministas de seu uso, ou seja, superar a crença de que a tecnologia é neutra e serve como simples instrumento facilitador do trabalho pedagógico, assim como de que ela possui capacidade e autonomia para estabelecer, por si mesma, as mudanças e as transformações de paradigmas. Sabemos que a revolução na educação não acontece pela introdução das TIC no contexto educativo, e sim, pelo seu uso crítico e consciente.” (GARCIA, p. 86)

O professor irá assumir então um papel de mediador, daquele que seleciona e filtra o conhecimento, apontando direções, dando opções, sugerindo caminhos, problematizando e fazendo o aluno pensar, desenvolver o senso crítico capaz de entender a informação e depurá-la, aplicá-la no seu dia a dia. A tecnologia, se bem usada, é capaz de erradicar o ensino bancário que Paulo Freire preconiza e transformar a educação em algo vivo e dinâmico, próxima da realidade do aluno.
O uso da tecnologia da educação, não somente seu uso esporádico, de acordo com a iniciativa individual de algum professor, mas sua integração em todo o modelo de educação atual se faz urgente e necessário se quisermos pensar em uma escola que eduque e um sistema de educação eficiente. Tratando deste aspecto, Bittencourt (2012) escreve:

“os atuais métodos de ensino têm de se articular às novas tecnologias para que a escola possa se identificar com as novas gerações, pertencentes à ‘cultura das mídias’. As transformações tecnológicas têm afetado todas as formas de comunicação e introduzido novos referenciais para a produção do conhecimento, e tal constatação interfere em qualquer proposta de mudança dos métodos de ensino.” (Bittencourt, 2012, p 107)

Na sociedade do conhecimento, tecnologia e educação andam lado a lado e o papel do professor é canalizar o uso das novas ferramentas, internet, jogos, aplicativos, dispositivos rumo à construção do conhecimento. Para tanto é importante que haja um preparo do profissional da educação para o uso dessas ferramentas, seja durante a sua formação, seja após isso, reciclando-se e renovando-se, o professor deve acompanhar esse avanço tecnológico para que seja utilizado durante o processo educativo.
Esse preparo deve aliar o conhecimento pedagógico do professor com o conhecimento técnico das novas tecnologias. Esse processo não pode ser realizado de forma separada, mas o docente deve saber dominar as tecnologias de forma que use-as da forma mais eficiente e proveitosa diante dos desafios pedagógicos que irão surgindo pela frente. Conhecendo a ferramenta e a forma de usá-la, o resultado será certamente positivo. De acordo com Valente:

“O educador deve conhecer o que cada uma dessas facilidades tecnológicas tem a oferecer e como pode ser explorada em diferentes situações educacionais. Em uma determinada situação, a TV pode ser mais apropriada do que o computador. Mesmo com relação ao computador, existem diferentes aplicações que podem ser exploradas, dependendo do que está sendo estudado ou dos objetivos que o professor pretende atingir.

Por mais que as novas tecnologias possam facilitar o acesso à informação e ao conhecimento, pois com a internet o acesso a arquivos, notícias, biografias, livros, vídeos, filmes, documentários, entrevistas, enfim uma vasta gama de informação, o papel do professor sempre será providencial para apontar caminhos e facilitar a construção do conhecimento, será ele, o professor quem vai filtrar, selecionar, direcionar o aluno na construção do saber através do uso de novas tecnologias, assim sendo, a tecnologia não veio para substituir o professor, mas para ser mais uma ferramenta, mais um suporte em suas atividades, como diz Ribeiro:
“A máquina precisa do pensamento humano para se tornar uma ferramenta auxiliar no processo de aprendizado. É necessário integrá-la às mais diferentes atividades, pois ela pode ser entendida enquanto instrumento de expansão do pensamento. Que sirva para envolver os estudantes em projetos práticos, desafiadores e que estimulam o seu raciocínio humano. Hoje, o papel da escola é ensinar a pensar, preparando o aluno para lidar com situações novas, problematizando, discutindo e tomando decisões. Sobretudo, cabe à educação resgatar o homem de sua pequenez, ampliando horizontes, buscando outras opções, tornando as pessoas mais sensíveis e comunicativas.
Ao pensar o processo pedagógico mediado pela tecnologia, não se pode esquecer que a centralidade da ação deve estar nos sujeitos, e não nas técnicas.” (Ribeiro, 2011, p. 94)
Cabe ressaltar que o uso dessas novas ferramentas vai muito além da vontade, capacidade e disponibilidade do professor, mas passa também pela questão estrutural. Fica difícil imaginar o uso de tecnologias em sala de aula em escolas que não disponibilizam o acesso à internet, que não tenham laboratórios de informática ou ainda coisas mais simples como estrutura elétrica em sala de aula para que essas novas práticas possam se realizar. Mesmo dispensando um estudo mais aprofundado ou um levantamento estatístico, é notório que no Brasil muitas escolas, em muitas regiões, principalmente aquelas mais carentes, não possuem escolas com estruturas mínimas de realizar um trabalho sistemático no uso das tecnologias.
Portanto, a tecnologia na educação vai muito além da boa vontade do professor, mas trata-se de um projeto de educação a ser implantado e pensado nas estruturas mais altas da administração da educação para que possa se dar de forma efetiva, eficiente e com resultados contínuos a longo prazo. Isto não acontecendo, o que teremos são experiências pontuais e isoladas, que por mais que sejam exitosas, não darão conta de resolver o problema no anacronismo entre educação e revolução tecnológica que enfrentamos atualmente.

BIBLIOGRAFIA

BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de História fundamentos e métodos. 4 ed. São Paulo: Cortez, 2012.
GARCIA, Marta Fernandes, RABELO, Dóris Firmino, SILVA, Dirceu da, AMARAL, Sérgio Ferreira. Novas competências docentes frente às tecnologias digitais interativas. In: Rev. Teoria e Prática da Educação, v. 14, n 1, p. 79-87, jan/abr. 2011).
RIBEIRO, Otacílio J. Educação e novas tecnologias: um olhar além da técnica. In: COSCARELLI, Carla Viana: RIBEIRO, Ana Elisa (org.). Letramento digital: aspectos sociais e possibilidades pedagógicas. Belo Horizonte: Autêntica/Ceale, 2011.
VALENTE, José Armando. Pesquisa, comunicação e aprendizagem com o computador. O papel do computador no processo ensino-aprendizagem. In Tecnologia, currículo e projeto. P. 22-31.

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