Atividade:
Escreva um texto de até cinco páginas, fazendo uma reflexão em relação ao uso de tecnologias na educação, discutindo o papel do professor como atuante no processo de aprendizagem dos estudantes. Use como apoio os vídeos e os textos estudados até o momento.
O uso das tecnologias digitais na educação significa (...) ir além de tê-la como simples suporte ao professor para a disponibilização de informações e conteúdos. Significa também superar as concepções instrumentalistas e deterministas de seu uso, ou seja, superar a crença de que a tecnologia é neutra e serve como simples instrumento facilitador do trabalho pedagógico, assim como de que ela possui capacidade e autonomia para estabelecer, por si mesma, as mudanças e as transformações de paradigmas. Sabemos que a revolução na educação não acontece pela introdução das TIC no contexto educativo, e sim, pelo seu uso crítico e consciente.NOVAS COMPETÊNCIAS DOCENTES FRENTE ÀS TECNOLOGIAS DIGITAIS INTERATIVAS – p. 86
Para a avaliação desta atividade serão levados em conta:
- Uso dos textos disponibilizados na disciplina ou de outros autores – 3 pontos de 10
- Coesão – 4 pontos de 10
- Construção da argumentação – 3 pontos de 10
NOVAS TECNOLOGIAS E O TRABALHO DOCENTE
A tecnologia já não é mais
algo tirado dos roteiros de filmes de ficção científica, distantes da realidade
e do cotidiano das pessoas, diante da revolução tecnológica que temos
vivenciado, ela faz parte muito naturalmente das nossas vidas. Várias demandas
do mundo atual requerem o uso das tecnologias, seja em uma compra utilizando um
cartão de crédito ou débito, no transporte público, no trabalho ou no lazer, o
uso da tecnologia é tão natural como qualquer outra atividade corriqueira do
dia a dia.
As tecnologias digitais
estão presentes e sendo adotadas de forma bastante abrangente em todo o mundo,
alterando a sociedade, seus padrões de comportamento, sua cultura e sua forma
de lidar com o conhecimento. O conhecimento já não é mais algo inalcançável e
distante das pessoas, mas está logo ali, a um click de distância. Não é mais
necessário esperar a publicação do jornal do dia seguinte ou esperar a edição
do telejornal da noite para saber o que aconteceu, pois as notícias e as
novidades são amplamente divulgadas e acompanhadas em tempo real. Logo a
relação que a humanidade tem com o conhecimento e com a informação mudou, assim
sendo, a escola e os meios de construção do conhecimento devem mudar também.
No campo da educação não
poderia ser diferente, a tecnologia colabora para uma nova maneira de ver o
mundo, de pensar e realizar, de organizar o trabalho, logo, ela também está
presente no campo da educação, seja como ferramenta pedagógica, seja como
objeto de estudo.
O modelo de escola pública
no Brasil não acompanhou as mudanças na sociedade, no mundo e também na
tecnologia. Hoje temos uma escola tal qual foi pensada e concebida ainda no
século XIX, fortemente inspirada na Revolução Industrial, uma escola “tipo
fábrica”, com sinal, fileiras de carteiras do tipo linha de produção, um
sistema voltado para uma educação utilitária formando mão de obra para a
indústria. O mundo mudou, a sociedade mudou, nosso aluno mudou e essa mudança
foi muito mais acentuada nos últimos anos com o advento da revolução
tecnológica, o que causou uma nova maneira de ver e o mundo e de acessar à
informação e ao conhecimento. Utilizar as tecnologias dentro da sala de aula
torna-se ponto de extrema importância no sentido de eliminar o anacronismo que
existe entre a escola e o aluno e conectar, utilizando o termo da tecnologia,
esses dois mundos, o aluno do século XXI e a escola do século XIX.
Para uma criança que
nasceu na era da tecnologia e da informação, que tem acesso aos mais diversos
tipos e suportes de tecnologia e é estimulada por isso constantemente, entrar
em uma sala de aula que oferece somente um quadro negro, livros e a fala do
professor, por mais que este seja competente e tenha boa vontade, é sair de sua
realidade, é ser transportada para um mundo que não lhe diz respeito e com o
qual ela não se identifica, criando assim um abismo entre escola e aluno cada
vez maior e difícil de ser transposto.
Desta forma, trabalhar a
tecnologia na educação e no processo de construção do conhecimento não deve ser
pensado somente em utilizar essa tecnologia como ferramenta, mas de alguma
forma incorporar seu uso nas práticas pedagógicas que seja algo natural e
espontâneo sua utilização para que sejam rompidas barreiras que impeçam a
conexão entre o aluno do século XXI e a escola do século XIX. De acordo com
Garcia (2011):
“O uso das tecnologias digitais na
educação significa (...) ir além de tê-la como simples suporte ao professor
para a disponibilização de informações e conteúdos. Significa também superar as
concepções instrumentalistas e deterministas de seu uso, ou seja, superar a
crença de que a tecnologia é neutra e serve como simples instrumento
facilitador do trabalho pedagógico, assim como de que ela possui capacidade e
autonomia para estabelecer, por si mesma, as mudanças e as transformações de
paradigmas. Sabemos que a revolução na educação não acontece pela introdução
das TIC no contexto educativo, e sim, pelo seu uso crítico e consciente.”
(GARCIA, p. 86)
O professor irá assumir
então um papel de mediador, daquele que seleciona e filtra o conhecimento,
apontando direções, dando opções, sugerindo caminhos, problematizando e fazendo
o aluno pensar, desenvolver o senso crítico capaz de entender a informação e
depurá-la, aplicá-la no seu dia a dia. A tecnologia, se bem usada, é capaz de
erradicar o ensino bancário que Paulo Freire preconiza e transformar a educação
em algo vivo e dinâmico, próxima da realidade do aluno.
O uso da tecnologia da
educação, não somente seu uso esporádico, de acordo com a iniciativa individual
de algum professor, mas sua integração em todo o modelo de educação atual se
faz urgente e necessário se quisermos pensar em uma escola que eduque e um
sistema de educação eficiente. Tratando deste aspecto, Bittencourt (2012)
escreve:
“os atuais métodos de ensino têm de se
articular às novas tecnologias para que a escola possa se identificar com as
novas gerações, pertencentes à ‘cultura das mídias’. As transformações
tecnológicas têm afetado todas as formas de comunicação e introduzido novos
referenciais para a produção do conhecimento, e tal constatação interfere em
qualquer proposta de mudança dos métodos de ensino.” (Bittencourt, 2012, p 107)
Na sociedade do
conhecimento, tecnologia e educação andam lado a lado e o papel do professor é
canalizar o uso das novas ferramentas, internet, jogos, aplicativos,
dispositivos rumo à construção do conhecimento. Para tanto é importante que
haja um preparo do profissional da educação para o uso dessas ferramentas, seja
durante a sua formação, seja após isso, reciclando-se e renovando-se, o
professor deve acompanhar esse avanço tecnológico para que seja utilizado
durante o processo educativo.
Esse preparo deve aliar o
conhecimento pedagógico do professor com o conhecimento técnico das novas
tecnologias. Esse processo não pode ser realizado de forma separada, mas o
docente deve saber dominar as tecnologias de forma que use-as da forma mais
eficiente e proveitosa diante dos desafios pedagógicos que irão surgindo pela
frente. Conhecendo a ferramenta e a forma de usá-la, o resultado será
certamente positivo. De acordo com Valente:
“O educador deve conhecer o que cada
uma dessas facilidades tecnológicas tem a oferecer e como pode ser explorada em
diferentes situações educacionais. Em uma determinada situação, a TV pode ser
mais apropriada do que o computador. Mesmo com relação ao computador, existem
diferentes aplicações que podem ser exploradas, dependendo do que está sendo
estudado ou dos objetivos que o professor pretende atingir.
Por mais que as novas tecnologias
possam facilitar o acesso à informação e ao conhecimento, pois com a internet o
acesso a arquivos, notícias, biografias, livros, vídeos, filmes, documentários,
entrevistas, enfim uma vasta gama de informação, o papel do professor sempre
será providencial para apontar caminhos e facilitar a construção do
conhecimento, será ele, o professor quem vai filtrar, selecionar, direcionar o
aluno na construção do saber através do uso de novas tecnologias, assim sendo,
a tecnologia não veio para substituir o professor, mas para ser mais uma
ferramenta, mais um suporte em suas atividades, como diz Ribeiro:
“A máquina precisa do pensamento
humano para se tornar uma ferramenta auxiliar no processo de aprendizado. É
necessário integrá-la às mais diferentes atividades, pois ela pode ser
entendida enquanto instrumento de expansão do pensamento. Que sirva para
envolver os estudantes em projetos práticos, desafiadores e que estimulam o seu
raciocínio humano. Hoje, o papel da escola é ensinar a pensar, preparando o aluno
para lidar com situações novas, problematizando, discutindo e tomando decisões.
Sobretudo, cabe à educação resgatar o homem de sua pequenez, ampliando
horizontes, buscando outras opções, tornando as pessoas mais sensíveis e
comunicativas.
Ao pensar o processo pedagógico
mediado pela tecnologia, não se pode esquecer que a centralidade da ação deve
estar nos sujeitos, e não nas técnicas.” (Ribeiro, 2011, p. 94)
Cabe ressaltar que o uso
dessas novas ferramentas vai muito além da vontade, capacidade e disponibilidade
do professor, mas passa também pela questão estrutural. Fica difícil imaginar o
uso de tecnologias em sala de aula em escolas que não disponibilizam o acesso à
internet, que não tenham laboratórios de informática ou ainda coisas mais
simples como estrutura elétrica em sala de aula para que essas novas práticas
possam se realizar. Mesmo dispensando um estudo mais aprofundado ou um
levantamento estatístico, é notório que no Brasil muitas escolas, em muitas
regiões, principalmente aquelas mais carentes, não possuem escolas com
estruturas mínimas de realizar um trabalho sistemático no uso das tecnologias.
Portanto, a tecnologia na
educação vai muito além da boa vontade do professor, mas trata-se de um projeto
de educação a ser implantado e pensado nas estruturas mais altas da
administração da educação para que possa se dar de forma efetiva, eficiente e
com resultados contínuos a longo prazo. Isto não acontecendo, o que teremos são
experiências pontuais e isoladas, que por mais que sejam exitosas, não darão
conta de resolver o problema no anacronismo entre educação e revolução
tecnológica que enfrentamos atualmente.
BIBLIOGRAFIA
BITTENCOURT, Circe
Maria Fernandes. Ensino de História
fundamentos e métodos. 4 ed. São Paulo: Cortez, 2012.
GARCIA, Marta
Fernandes, RABELO, Dóris Firmino, SILVA, Dirceu da, AMARAL, Sérgio Ferreira. Novas competências docentes frente às
tecnologias digitais interativas. In: Rev. Teoria e Prática da Educação, v.
14, n 1, p. 79-87, jan/abr. 2011).
RIBEIRO, Otacílio J. Educação e novas tecnologias: um olhar além
da técnica. In: COSCARELLI, Carla Viana: RIBEIRO, Ana Elisa (org.). Letramento digital: aspectos sociais e
possibilidades pedagógicas. Belo Horizonte: Autêntica/Ceale, 2011.
VALENTE, José Armando. Pesquisa, comunicação e aprendizagem com o
computador. O papel do computador no processo ensino-aprendizagem. In
Tecnologia, currículo e projeto. P. 22-31.
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