quinta-feira, outubro 18, 2012

Resumo


ARTE CULTURA E LÚDICO
RESUMO AULA 1
Ao discutirmos cultura, emerge em nosso imaginário toda uma gama riquíssima de formas de existir e de se expressar nas mais diversas culturas humanas, seja na culinária, na religiosidade, no lazer, nas formas de interação entre os diversos grupos, nas manifestações artísticas, nos esportes, entre outras atividades.
A discussão de cultura sempre remete ao processo, à experiência histórica. Não há sentido em ver a cultura como um sistema fechado. Isso não quer dizer que não possamos estudá-la. Podemos, por exemplo, indagar quais os processos próprios dessa dimensão cultural, como cada uma de suas áreas de manifestações se desenvolve, tem sua dinâmica; quais as instituições a ela ligadas mais de perto, as concepções nela presentes, as mensagens políticas que contém. Podemos indagar sobre as tendências dessa dimensão cultural e discutir as propostas para seu desenvolvimento ou transformação. Santos (1983, p.79)
Quando se fala em arte e lúdico, associam-se esses conceitos imediatamente a quê?
À criança e, referindo-se a ela, somos levados a refletir sobre a Cultura da Infância, não de uma infância vista sob uma visão adultocêntrica (Maneira de ver a criança sob a perspectiva do mundo adulto.), mas da maneira como a criança já pode ser vista: a criança como ser capaz, produtora de cultura e portadora de história. Elas constroem ações no mundo adulto produzindo sua cultura. Ver a criança como filho ou aluno é a visão do adulto, e ela deve ser vista sob um outro ponto de dimensão, como um ator social com voz própria, mesmo quando ainda nos primeiros meses de vida, enquanto ainda não falam. Devem fazer parte dos personagens principais, mesmo quando ainda não sabem escrever para expressar desejos e sentimentos.
A área de arte está relacionada com as demais áreas e tem suas especificidades. A educação em arte propicia o desenvolvimento do pensamento artístico e da percepção estética, que caracterizam um modo próprio de ordenar e dar sentido à experiência humana: o aluno desenvolve sua sensibilidade, percepção e imagi­nação, tanto ao realizar formas artísticas quanto na ação de apreciar e conhecer as formas produzidas por ele e pelos colegas, pela natureza e nas diferentes culturas. Parâmetros curriculares Nacionais – Arte/Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. — Brasília: MEC/SEF, 1997. Volume 6: Introdução – p 19.
O processo ensino-aprendizagem da arte faz com que o aluno se relacione de ma­neira criativa com as outras áreas do conhecimento. Exercitar continuamente a imaginação torna a criança, por exemplo, mais apta a desenvolver estratégias pessoais para a resolução de problemas de matemática.
Conhecer a arte de outras culturas proporciona ao aluno perceber o quanto sua cultura é relativa, pois depende dos valores de seus modos de pensar e agir, e isso abrirá possibilidades de criar uma interação com outras culturas e outros modos de pensar, possibilidades essas que farão com que seja mais crítico na observação de elementos de sua própria cultura, podendo contribuir para uma melhor qualidade de vida.
O conhecimento da arte abre perspectivas para que o aluno tenha uma com­preensão do mundo na qual a dimensão poética esteja presente: a arte ensina que é possível transformar continuamente a existência, que é preciso mudar re­ferências a cada momento, ser flexível. Isso quer dizer que criar e conhecer são indissociáveis e a flexibilidade é condição fundamental para aprender.
O ser humano que não conhece arte tem uma experiência de aprendizagem li­mitada, escapa-lhe a dimensão do sonho, da força comunicativa dos objetos à sua volta, da sonoridade instigante da poesia, das criações musicais, das cores e formas, dos gestos e luzes que buscam o sentido da vida. Brasil. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares Nacionais – Temas Transversais /Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. — Brasília: MEC/SEF, 1997. Volume 1: Introdução – p 19.
Huizinga (2007) estudou “o jogo”, ou o brincar, como fenômeno cultural e não biológico, em uma perspectiva histórica, não propriamente científica em sentido restrito, ou seja, jogar é uma atividade que faz parte do nosso cotidiano. Ele credita que é no jogo e pelo jogo que a civilização aparece e se desenvolve. O jogo está integrado à nossa cultura.
O jogo é mais antigo que a cultura, pois esta pressupõe a sociedade humana e, antes de se estabelecer em grupos sociais, o homem, por meio da caça, de certa maneira, já jogava, e antes disso os animais já haviam estabelecido atividades lúdicas, como acontecia com a brincadeira entre filhotes. O homem não acrescentou nenhuma contribuição especial ao jogo.
O lúdico ultrapassa os limites da atividade puramente física ou biológica, é uma atividade que encerra um sentido. Nele existe algo que transcende as necessidades imediatas da vida, conferindo um sentido à ação. Implica a presença de um elemento não material em sua própria essência, como o prazer em jogar.
Quando falamos de lúdico, de um modo geral, estamos nos referindo de maneira particular à escola, ao trabalho realizado por crianças ou jovens e adultos em atividades como: pintura, escultura, música, teatro, contação de histórias, artesanato, jogos e brincadeiras em geral.
Nossa reflexão, até este momento, tem o objetivo de ressaltar a importância da arte e do lúdico no processo de ensino-aprendizagem das crianças e dos jovens e adultos que devem ser sempre considerados como sujeitos sócio históricos, que devem ser considerados como autores de sua própria história.
Ariès (1981) nos traz que a criança era tratada, em seus primeiros anos de vida, de um modo superficial a que ele chamou de paparicação. A criança era objeto de diversão e tratada como um pequeno animal. Como era alto o índice de mortalidade, por falta de atenção à saúde pública, algumas pessoas ficavam sensibilizadas quando uma delas desaparecia, mas logo vinha outra criança que substituía a anterior e assim a criança era tratada como um ser anônimo.
Os meninos eram tratados diferentemente das meninas e, quando cresciam, fariam parte do grupo dos homens que, ao longo da história, sempre foram considerados seres “superiores” às mulheres.
A vida era diferente para os meninos e meninas. Até por volta dos sete anos, as crianças ficavam sob a guarda das mães, quando começava o período de educação para os meninos. Imagens mostram meninos acompanhados do “paidagogo” que significa condutor de crianças ou tutor, sentados à frente do professor, que lhe dava lições de leitura e escrita. Em outras imagens aparecem meninos na aula de música apren­dendo a tocar lira, andando a cavalo e praticando boxe.
Entre os dezoito e vinte anos os meninos entravam no exército e as meninas ca­savam-se entre quatorze e quinze anos e iam viver uma vida reclusa na casa de seus maridos. Os homens casavam por volta dos trinta anos.
Apesar de se imaginar que a vida não era fácil para algumas crianças gregas, o jogo era uma atividade que fazia parte da infância. Para designar jogo era utilizada a palavra paignia, relacionada com a deusa grega da ludicidade, o que mostra a importância do jogo em suas vidas.
A partir do século XVIII a família começou a isolar-se da sociedade. A organização da casa passou a ser a nova preocupação de defesa contra o mundo, segundo Ariès (1978). Cômodos ligados por um corredor, nem sempre com acesso entre eles, que iriam conviver com a intimidade, a discrição e o isolamento. As camas não estavam mais espalhadas por toda a parte, elas tinham agora um lugar reservado no quarto de dormir.
Essa mudança foi uma das mais significativas da vida cotidiana, deixando um espaço maior para a intimidade, espaço este que foi ocupado por uma família reduzida aos pais e às crianças. Até esta época as pessoas preocupavam-se somente com as doenças mais graves e, a partir de então, preocupações com pequenos resfriados nas crianças e nos adultos passaram a ocupar lugar de importância e as questões de saúde, junto com a educação, passaram a serem duas das maiores preocupações dos pais.
Percebemos que a forma de encarar a infância foi mudando no decorrer dos tempos e podemos, então, perguntar: quem é a criança de hoje? Frabbroni (1998) diz que, apesar da semelhança cronológica, existem diferentes infâncias: a infância da criança que possui uma família com nível social-econômico alto, que estuda e brinca, mas que tem o seu dia preenchido com inúmeras atividades; e a infância da criança que participa da formação da renda familiar, que trabalha e nem sempre pode estudar. Convive com essas “infâncias” a criança que, acompanhada de adultos e de outras crianças, fica pedindo esmolas ou cometendo pequenas infrações e também a infância da criança que ajuda nas tarefas diárias de casa ou do trabalho dos pais, aprendendo uma profissão desde pequena.
Tudo isto significa, em termos pedagógicos, garantir à infância três experiências educativas fundamentais:
A primeira identifica-se com a incorporação-participação da criança nos âmbitos do seu território de vida, no povoado-bairro-região, custódias do mundo de coisas e valores dos quais ela mesma, como criança, é um testemunho.
A segunda identifica-se com a satisfação daquelas necessidades que a atual so­ciedade de consumo tende a subtrair e a negar à infância (fazemos referência à “comunicação”, à “fantasia”, à exploração, à construção, “ao movimento”, ao agir por “conta própria”)
A terceira tem um lugar através de uma experiência de socialização que seja, ao mesmo tempo, um processo de “assimilação” e “interiorização” (e, portanto de conscientização, para dizê-lo usando as palavras de Freire) da escala de normas e valores estabelecidos e sancionados pela sociedade adulta. O chamamento pedagógico que é ouvido hoje com maior insistência é aquele que solicita que seja jogado um bote salva-vidas para a infância. Especificamente, pede-se à família e à escola que projetem uma nova imagem da criança. O rea­parecimento em cena da infância, dito em outras palavras, com a roupagem da razão. Uma infância que venha, logicamente, equipada com fantasia, sentimento, intuição, mas também com “corporeidade”, com “linguagens”, “lógica”, “cultura antropológica”: com sangue social. Com vontade de conhecer o próprio território de vida e a própria região histórica.  FRABBONI in ZABALA (1998 p. 68)
A arte é uma das mais antigas manifestações simbólicas realizada pelo ser humano, antecedendo a escrita. Foi através dela que o homem da pré-história deixou seus registros sobre alguns aspectos de sua forma de viver.
Como linguagem (tal como a Matemática e a Língua Portuguesa) ela possui uma gramática própria que necessita ser apropriada para que possamos usá-la como forma de produção e expressão, seja da realidade circundante, seja dos nossos sentimentos e impressões sobre o mundo que nos cerca.
Esperamos que, ao final desta aula, você possa estabelecer relações significativas sobre a importância que a arte e o lúdico ocupam na sociedade tanto no plano indivi­dual, como coletivo, e de que forma ela está presente em sua vida.
• Imagine-se vivendo sem escutar suas músicas favoritas.
• Como foi que a música e a dança marcaram sua fase de adolescente?
• Imagine se tivéssemos apenas as palavras para expressar nossos sentimentos e ideias....
Ideias como essas e muitas outras percorrem o imaginário de milhões e milhões de pessoas em todo o planeta e não só na linguagem musical, mas nas artes plásticas, no cinema, no teatro, na dança enfim, nas mais diversas linguagens artísticas.
Mas, não é somente no plano subjetivo, ou seja, no nosso plano individual que a arte apresenta um sem número de correlações, mas sim, ela aparece de uma forma muito significativa também na política, na economia, na educação, na religião dentre outras diversas áreas de conhecimento e de atuação humana.
É nessa perspectiva que a arte se insere no nosso cotidiano: um “sensível perceber de estímulos” sejam eles vindos dos objetos naturais ou artificiais: o frescor de uma brisa que sopra sobre nós, o balançar das folhas de uma árvore, o mar de cores de um vaso repleto de flores, a sonoridade de uma cantiga, os acordes de uma guitarra, o ruído ensurdecedor de uma avenida agitada, a paz de uma praça tranquila, a grandiosidade de uma obra como o Cristo redentor no Rio de Janeiro.
A arte é o meio indispensável para essa união do indivíduo com o todo da realidade, com o todo; reflete a infinita capacidade humana para a associação, para a circulação de experiências e ideias. (FISCHER, 1985,p.130)
Nessa perspectiva podemos entender a arte como um instrumento de conheci­mento individual e coletivo da realidade circundante, uma postura ativa do ser frente ao mundo que o rodeia, que permite inúmeros questionamentos e possíveis formas de transformação, uma forma de e comunicação humana nas mais diversas linguagens: musical, plástica, verbal, dramática e gestual.
O ser humano alfabetizado nessas linguagens, e não apenas na linguagem oral e matemática, possui maiores habilidades e competências para lidar com a complexida­de sociocultural deste terceiro milênio.
IDEIAS CHAVE
A cultura não é um sistema fechado. Por Cultura podemos interpretar:
- saber, conhecimento adquirido;
- plantação, cuidado como campo (agricultura);
- manifestação artística regional, teatro, cinema;
- tudo o que o homem vivencia, realiza, cria e transmite – hábitos e costumes.
A criança dever ser reconhecida como um sujeito sócio histórico.
A arte é um meio indispensável para a união do indivíduo com o seu entorno.
É preciso reconhecer importância da arte e do lúdico na formação da Infância.

Sofremos muito com o pouco que nos
falta e gozamos pouco o muito que temos.

                          Marcos A. Pizzelli                                                

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